Um dos mais intrigantes pedidos feitos a Jesus sem
duvida foi o de Felipe que pede que Jesus mostre o Pai cf Jo 14,8 , e
a resposta de Jesus é fantástica “a tanto tempo estou com vocês
e ainda não me viram, quem me vê, vê o Pai.”
A partir daí se sana a duvida de como é o rosto do
Pai, ao menos no que tange a fé, e nasce a certeza de uma união
belíssima entre Pai, Filho e Espírito Santo e vamos compreendendo o
que implica dizer que somos – imagem e semelhança - de Deus cf Gn
2,27. Aqui vai ficando claro a beleza da humanidade divinizada na
Encarnação do Verbo.
Porém a procura do ‘rosto de Deus’ é anterior a
Felipe e percorre toda a história da salvação e perdura até
nossos dias, Moisés quando conversava com Deus cobria o rosto por
não ser digno de contemplar a face de Deus cf Ex 3,6 e essa ‘busca’
vai ganhando uma amplitude sobre tudo quanto a Jesus, não que na
estada de Jesus aqui junto a nós não se tinha sanado a duvida porém
não temos uma fotografia dele, justamente por não terem caráter
histórico puramente biográfico os evangelhos não tem essa
preocupação, a iconografia auxiliada por dados inclusive do Sudário
de Turim delineou um suposto rosto de Jesus, e hoje é muito fácil
associar um rosto masculino, branco, com cabelos e barba longas, com
Jesus Cristo.
Me atrevo a dizer que o ápice do entendimento desse
rosto de Jesus veio com o Concilio Vaticano II na Galdium Et Spes que
vai no numero 22 dizer claramente que Jesus revela o homem ao próprio
homem, e isso não é só bonito quanto é teológico e profundo,
Jesus é como bem disse João Paulo II no número 67 da Ecclesia in
America, “rosto divino do homem e rosto humano de Deus”, e aqui
vamos já ganhando espaço para a pergunta por como reconhecer esse
rosto?, hoje nos é apresentado um Jesus ‘multiforme’, vai desde
um Jesus ‘faz tudo’ até um Jesus ‘ligthe’.Porém o rosto de
Jesus vai além de traços pois ele mesmo nos garante que ao olharmos
para os mais pequenos e simples estaremos olhando para ele cf Mt 18,6 aqui podemos tranquilamente parafrasear Levinas e dizer que no rosto
do outro Jesus se manifesta para mim e seu rosto ganha aqui uma
conotação maior que extrapola o físico-estético e nos faz buscar
um rosto verdadeiro de Jesus, e quem nos garantira a autenticidade
desse rosto será o Pai, exatamente por isso, cabe pedirmos; Pai,
mostra-nos Jesus e isso nos basta! Pois, só quando conseguirmos
olhar para o outro e nele vermos Jesus daremos um passo firme de fé
e a exemplo de Chiara Lubich poderemos dizer que quando temos Jesus
em meio nada nos falta.
Peçamos em nossas orações a exemplo de Felipe ao Pai
que nos mostre Jesus para assim sermos capazes de caminhar com os
olhos fixos nele e sermos homens e mulheres felizes por ver n'ele o
Pai e o espirito e assim rumarmos ao seu coração e dali aprender a
sermos também nós sermos reflexo de Cristo na vida dos irmãos.
Unidos naquele que primeiro nos amou!
Alexandro Freitas