quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Momentos felizes são eternos???


Quem nunca passou por um daqueles momentos lindos onde se mistura emoção, alegria, medo, nervosismo? Isso constrói os tão queridos e saudosos momentos felizes.

A festa de aniversário planejada com meses de antecedência, a formatura depois de uma longa jornada de estudos, o casamento que implica num passo decisivo de dizer “sim” para viver junto a pessoa amada o resto de suas vidas, o nascimento de um filho tudo isso vem com sabor enorme de alegria, de vitória, de conquista.

Porem ao longo do caminho vem também as comemorações solitárias de seu aniversário, salvo uns poucos que te ligam e te saúdam, a viuvez que traduz a solidão de uma casa construída para habitar um casal feliz, os filhos que seguem seu caminho e vem agora somente de visita, e aí onde foi parar o gosto bom da felicidade?

Certamente não é fácil enxergar nessas situações a felicidade, porém é ai que se instaura a nostalgia na sua mais perfeita aplicação do termo, é nessas horas que pesamos os valores, revemos conceitos e mais que isso vemos que temos história e que as escrevemos não em folhas mais com a vida e assinadas com a caneta cuja tinta tem o poder que acalmar , vivemos, realizamos, construímos, contribuímos, trabalhamos e duro porém  o que nos torna feliz de verdade sempre vai ecoar na alma dando o justo grito da certeza de se ter feito a escolha certa. Por isso os momentos felizes são eternos, pois transcende a barreira do seu acontecimento e mesmo tendo passado anos ao trazermos à memória sentimos novamente o gosto bom da felicidade.

Um abraço fraterno.
 


domingo, 19 de agosto de 2012

Quem é Nhá Chica?


Ainda pequena Francisca de Paula de Jesus, que nasceu no Distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes em São João Del Rey -MG chegou em Baependi, MG. Estava acompanhada por sua mãe, uma ex- escrava e por seu irmão Teotônio. Com eles, poucos pertences e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Em 1818, com apenas 10 anos de idade, a mãe de Nhá Chica faleceu deixando aos cuidados de Deus e da Virgem Maria as duas crianças, Francisca Paula de Jesus e seu irmão, então com 12 anos. Órfãos de mãe, sozinhos no mundo, Francisca Paula e Teotônio, cresceram sob os cuidados e a proteção de Nossa Senhora, que pouco a pouco foi conquistando o coração de Nhá Chica. Esta, a chamava carinhosamente de "Minha Sinhá" que quer dizer: "Minha Senhora", e nada fazia sem primeiro consultá-la.
Nhá Chica soube administrar muito bem e fazer prosperar a herança espiritual que recebera da mãe. Nunca se casou. Rejeitou com liberdade a todas as propostas de casamento que lhes apareceram. Foi toda do Senhor. Se dava bem com os pobres, ricos e com os mais necessitados. Atendia a todos os que a procuravam, sem discriminar ninguém e, para todos tinha uma palavra de conforto, um conselho ou uma promessa de oração. Ainda muito jovem, era procurada para dar conselhos, fazer orações e dar sugestões para pessoas que lidavam com negócio. Muitos, não tomavam decisões sem primeiro consultá-la, e para tantas pessoas, ela era considerada uma "santa", todavia em resposta para quem quis saber quem ela, realmente, era, respondeu com tranquilidade: "... É porque eu rezo com fé".
Sua fama de santidade foi se espalhando de tal modo que pessoas de muito longe começaram a visitar Baependi para conhecê-la, conversar com ela, falar-lhe de suas dores e necessidades e, sobretudo para pedir-lhe orações. A todos, atendia com a mesma paciência e dedicação, mas nas sextas feiras, não atendia a ninguém. Era o dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração e à penitência. Isso porque sexta-feira é o dia que se recorda a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos nós. Às Três horas da tarde, intensificava suas orações e mantinha uma particular veneração à Virgem da Conceição, com a qual tratava familiarmente como a uma amiga.
Nhá Chica era analfabeta, pois não aprendeu a ler nem escrever, desejava somente ler as Escrituras Sagradas, mas alguém as lia para ela, e a fazia feliz. Compôs uma Novena à Nossa Senhora da Conceição e em Sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma Igrejinha, onde venerava uma pequena Imagem de Nossa Senhora da Conceição que era de sua mãe e, diante da qual, rezava piedosamente para todos aqueles que a ela se recomendavam. Essa Imagem, ainda hoje, se encontra na sala da casinha onde ela viveu, sobre o Altar da antiga Capela.
Em 1954, a Igreja de Nhá Chica foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então teve início bem ao lado da Igreja, uma obra de assistência social para crianças necessitadas que vem sendo mantida por benfeitores devotos de Nhá Chica. Hoje a "Associação Beneficente Nhá Chica" (ABNC) acolhe mais de 160 crianças entre meninas e meninos.

Ao longo dos anos, a "Igrejinha de Nhá Chica", depois de ter passado por algumas reformas, é hoje o "Santuário Nossa Senhora da Conceição" que acolhe Peregrinos de todo o Brasil e de diversas partes do mundo. Muitos fiéis que visitam o lugar, pedem graças e oram com fé. Tantos voltam para agradecer e registram suas graças recebidas. Atualmente, no "Registro de graças do Santuário", podem-se ler aproximadamente 20.000 graças alcançadas por intermédio de Nhá Chica.
A Venerável morreu no dia 14 de junho de 1895, estando com 87 anos de idade, mas foi sepultada somente no dia 18, no interior da Capela por ela construída. As pessoas que ali estiveram sentiram exalar-se de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias de seu velório. Tal perfume foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois, por Autoridades Eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo. Os restos Mortais da Venerável se encontram hoje no mesmo lugar, no interior doSantuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, protegidos por uma Urna de acrílico colocada no interior de uma outra de granito, onde são venerados pelos fiéis.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Homens de Conteúdo




Conhecê-los foi uma honra. Não havia como não admira-los, um por um foram dizendo, um por um foram vivendo, um por um foram morrendo e, graças a Deus, enquanto escrevo estas linhas, dois ou três deles ainda estão conosco.
Homens de conteúdo, seu sacerdócio iluminava milhões e poucos deles iam à grande mídia. E iam apenas ocasionalmente. Não precisaram associar-se a grandes mídias para marcar o Brasil do modo como marcaram. O pouco que disseram, quando a mídia laica os procurou e o muito que fizeram quando a mídia não registrou, deu o tom ao seu sacerdócio.
Não se expuseram demais aos holofotes do mundo, mas também não fugiram deles quando os holofotes o miraram. Continuaram fazendo o que fizeram, dizendo o que disseram e atuando como atuaram, Helder Câmara, Paulo Arns, Pedro Casaldáliga, Aluísio Lorscheider, Ivo Lorscheiter, Antônio Fragoso, Luciano Mendes de Almeida, Adriano Hipólito… só para citar alguns.
Fizeram a diferença, falaram quando tinham que falar, calaram-se quando foi hora de calar. Suas palavras calaram fundo no meio dos pobres, no meio da luta política, diante do governo, diante dos sediciosos. Falaram para a esquerda, para a direita, para o centro e pediam diálogo e moderação. Quando tinham que denunciar, denunciavam, quando era hora de elogiar, elogiavam. Souberam discordar e concordar e sabiam que eram porta-vozes dos clamores do povo que perfazia 87% da população.
Quando foi preciso fazer política, fizeram política. Mas o tempo todo estavam fazendo religião e igreja e sabiam que representavam o povo e até irmãos de outras igrejas que também sofriam. Mal compreendidos, caluniados, deturpados, alguns deles sofreram amordaçados no silêncio, mas ninguém os calou. De Dom Helder a imprensa não falava, mas sua voz ecoava lá fora e aqui dentro. De um jeito ou de outro, tenho para mim que se a violência no Brasil foi menor do que em outros países foi porque eles falaram e tentaram ser voz de bom senso no meio de grupos que queriam o poder e lutaram com fúria destruidora, uns para conservarem e outros para conquistarem,
Aqueles homens sabiam que o povo não seria beneficiado nem por um lado nem pelo outro. Lutaram pela democracia representativa, pelo direito ao voto. Ditadura? Nem de esquerda nem de direita! Se o Brasil estava mudando, que mudasse para a democracia.
Foi bom conhecê-los. Seu jeito de orar e de falar, de abrir a boca em defesa do povo, de guardar silêncio quando foi preciso deixou vasta catequese libertadora. Os que se foram certamente estão orando pela igreja e pelo Brasil. Alguns talvez sejam beatificados. Homens de conteúdo, eles fizeram a diferença quando o Brasil precisou de padres e de bispos da sua estatura. Não sofreram e vão. Muito do Brasil de agora, livre para falar, se deve também a eles e a outros como eles. Católicos, honramo-nos de pertencer à Igreja da qual eles foram líderes, bispos, homens de conteúdo.







quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cada sacristia uma Liturgia! Será?



Uma das frases mais lamentáveis a cerca da liturgia que já ouvi é justamente a que intitula esse texto. O mais triste é que ela não é apenas uma frase e sim uma pratica constante, principalmente aqui no Brasil. Os reflexos dessa “pratica” podem ser facilmente notados quando se reduz o termo liturgia apenas para a Santa Missa e o mais desesperador é perceber que mesmo assim o serviço litúrgico paroquial se resume em preparar pequenas frases para anteceder a procissão de entrada, as leituras, o ofertório, a distribuição da santa eucaristia  e preparar as preces, salvo as “criativas” equipes que conseguem pensar uma “dancinha” para cada momento desse com o pretexto de dinamizar a Missa. 
Mais lamentável ainda é por vezes vermos presbíteros incentivando essas praticas que em nada ajudam os fieis a entenderem o mistério celebrado na Santa Missa, enquanto se a postura fosse outra não seria necessário “criar” dancinhas, entradas, encenações e coisas do tipo para deixar a missa mais “dinâmica”. “O homem sozinho não consegue mesmo ‘criar’ um culto fácil porque, sem Deus se revelar fica sempre insignificante”[1]e mais é preciso adentrar no próprio espírito da Liturgia pois quando se entende o que se celebra ouve-se Deus que fala e age na Igreja e pela Igreja e ai não sentiremos necessidade de ‘criar’, uma vez que dentro do ‘jogo’ que é a liturgia as cartas ou se quisermos as regras são dadas por Deus. A liturgia “não pode ser fruto da nossa fantasia e criatividade – pois assim seria apenas um grito na escuridão ou simplesmente a afirmação de nós próprios”.[2]
Não se trata agora de engessarmos os ritos litúrgicos todos e assim causarmos desconforto tanto para quem preside quanto para os que celebram, porém faz bem e é sadio formar e formar bem os agentes que se dispõem para se dedicarem ao serviço litúrgico. Estamos num tempo favorável para provocarmos uma retomada ou para alguns um primeiro contato com os documentos acerca da liturgia principalmente a Sacrosanctum Cocilium e os que nasceram a partir dele como o documento 43 da CNBB – Animação da Vida Litúrgica no Brasil – e os documentos sobre o canto pastoral, os específicos da Santa Missa enfim é momento de falar de Liturgia e de levar a todos a um encontro com esse rico tesouro que é a Liturgia na vida da Igreja.
Os padres conciliares foram muito felizes quando definiram a liturgia como “o cume para qual tende toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo a fonte de onde promana toda sua força”[3], mas antes deixaram claro que ela não é a única atividade da Igreja e alertam que “antes de ter acesso à liturgia é preciso ser conduzido a fé e se converter”[4], ou seja, nosso  trabalho é anterior devemos primeiro conduzir o povo para a solidez de sua fé, por isso reafirmo a importância de se formar, porém o que mais assusta não é que faltam os dispostos a entrarem no processo e sim quem se prontifique a orientá-los, a figura de quem está a frente da liturgia os chamados, “liturgistas”[5] são sempre amados por poucos e odiados por muitos, pois acabam por implantar ideias próprias ou com até certo tom de verdade mas não são capazes de ir mais fundo e de levar os agentes a compreensão de que a liturgia é primeiramente uma ação divina, que deve aproximar o povo da Palavra de Deus e deve ainda proclamar o designo salvador de Deus, isso quando não ficam parados em questões banais como o famoso “pode ou não pode”, distanciando-se do real espírito da liturgia que não pode separar-se da vida pois em Deus “vivemos,nos movemos e existimos” (At 17,28), se assim não for estaremos fazendo da liturgia como nos alerta o então, Cardeal Ratzinger, “uma mera brincadeira, ou pior, o abandono do Deus verdadeiro, disfarçado embaixo de um tampo Sacro” por isso encontramos tantas pessoas vazias, pois não encontram na celebração da Liturgia da Santa Missa, dos Sacramentos enfim um lugar privilegiado de estar com o Senhor, de conhecê-lo e também para Deus mostrar quem Ele é, pois por vezes não damos espaço para isso.
Não podemos compactuar com “cada sacristia uma liturgia” justamente porque uma coisa é inculturação e outra bem diferente é depreciação do sagrado, falta de zelo e de amor. Reafirmo, não precisamos nos tornar robôs, profissionais repetidores do rito litúrgico, mais sim Homens e Mulheres que celebram com o coração, com a vida e mais que isso, sabem o que estão celebrando e assim poder dizer sem medo que quem realiza todas as coisas em nós: é o Senhor (Jo 21,7) .  

Um abraço Fraterno!





Referencias bibliográficas:

RATZINGER,Joseph -  Introdução ao espírito da Liturgia – 4° Ed. Paulinas, São Paulo 2011.
CONSTITUIÇÃO SACROSANCTUM CONCILIUM SOBRE A SAGRADA LITURGIA – Vaticano II – Paulinas São Paulo 2007.



[1] Ratzinger p.15
[2] Idem
[3] Sacrosanctum Concilium n.10.
[4] Idem n.9
[5] O termo aqui não está se referindo aos liturgistas por formação e fazem jus ao titulo e sim os simpatizantes e presbíteros que se destacaram nessa área e por isso se dispõem a formar e são assim chamados pelo povo.