Mais
lamentável ainda é por vezes vermos presbíteros incentivando essas praticas que
em nada ajudam os fieis a entenderem o mistério celebrado na Santa Missa,
enquanto se a postura fosse outra não seria necessário “criar” dancinhas,
entradas, encenações e coisas do tipo para deixar a missa mais “dinâmica”. “O
homem sozinho não consegue mesmo ‘criar’ um culto fácil porque, sem Deus se
revelar fica sempre insignificante”[1]e mais é preciso adentrar
no próprio espírito da Liturgia pois quando se entende o que se celebra ouve-se
Deus que fala e age na Igreja e pela Igreja e ai não sentiremos necessidade de
‘criar’, uma vez que dentro do ‘jogo’ que é a liturgia as cartas ou se
quisermos as regras são dadas por Deus. A liturgia “não pode ser fruto da nossa
fantasia e criatividade – pois assim seria apenas um grito na escuridão ou
simplesmente a afirmação de nós próprios”.[2]
Não
se trata agora de engessarmos os ritos litúrgicos todos e assim causarmos
desconforto tanto para quem preside quanto para os que celebram, porém faz bem
e é sadio formar e formar bem os agentes que se dispõem para se dedicarem ao
serviço litúrgico. Estamos num tempo favorável para provocarmos uma retomada ou
para alguns um primeiro contato com os documentos acerca da liturgia
principalmente a Sacrosanctum Cocilium e os que nasceram a partir dele como o
documento 43 da CNBB – Animação da Vida Litúrgica no Brasil – e os documentos
sobre o canto pastoral, os específicos da Santa Missa enfim é momento de falar
de Liturgia e de levar a todos a um encontro com esse rico tesouro que é a
Liturgia na vida da Igreja.
Os
padres conciliares foram muito felizes quando definiram a liturgia como “o cume
para qual tende toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo a fonte de onde promana
toda sua força”[3],
mas antes deixaram claro que ela não é a única atividade da Igreja e alertam
que “antes de ter acesso à liturgia é preciso ser conduzido a fé e se
converter”[4], ou seja, nosso trabalho é anterior devemos primeiro conduzir
o povo para a solidez de sua fé, por isso reafirmo a importância de se formar,
porém o que mais assusta não é que faltam os dispostos a entrarem no processo e
sim quem se prontifique a orientá-los, a figura de quem está a frente da
liturgia os chamados, “liturgistas”[5] são sempre amados por poucos
e odiados por muitos, pois acabam por implantar ideias próprias ou com até
certo tom de verdade mas não são capazes de ir mais fundo e de levar os agentes
a compreensão de que a liturgia é primeiramente uma ação divina, que deve
aproximar o povo da Palavra de Deus e deve ainda proclamar o designo salvador
de Deus, isso quando não ficam parados em questões banais como o famoso “pode
ou não pode”, distanciando-se do real espírito da liturgia que não pode
separar-se da vida pois em Deus “vivemos,nos movemos e existimos” (At 17,28), se
assim não for estaremos fazendo da liturgia como nos alerta o então, Cardeal
Ratzinger, “uma mera brincadeira, ou pior, o abandono do Deus verdadeiro,
disfarçado embaixo de um tampo Sacro” por isso encontramos tantas pessoas
vazias, pois não encontram na celebração da Liturgia da Santa Missa, dos
Sacramentos enfim um lugar privilegiado de estar com o Senhor, de conhecê-lo e
também para Deus mostrar quem Ele é, pois por vezes não damos espaço para isso.
Não
podemos compactuar com “cada sacristia uma liturgia” justamente porque uma coisa
é inculturação e outra bem diferente é depreciação do sagrado, falta de zelo e
de amor. Reafirmo, não precisamos nos tornar robôs, profissionais repetidores
do rito litúrgico, mais sim Homens e Mulheres que celebram com o coração, com a
vida e mais que isso, sabem o que estão celebrando e assim poder dizer sem medo
que quem realiza todas as coisas em nós: é o Senhor (Jo 21,7) .
Um
abraço Fraterno!
Referencias
bibliográficas:
RATZINGER,Joseph
- Introdução ao espírito da Liturgia – 4°
Ed. Paulinas, São Paulo 2011.
CONSTITUIÇÃO
SACROSANCTUM CONCILIUM SOBRE A SAGRADA LITURGIA – Vaticano II – Paulinas São
Paulo 2007.
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