A ausência de um padre de verdade, dentro de uma vida, é uma privação sem nome.
O maior presente que se possa dar, a maior caridade que se possa fazer, é um padre que seja verdadeiramente um padre. É a coisa mais próxima que se possa imaginar, aqui na terra, da presença visível de Cristo…
Em Cristo, há uma vida humana e uma vida divina. No padre, a gente quer encontrar também uma vida verdadeiramente humana e uma vida verdadeiramente divina. A desgraça é que muitos padres parecem que estão amputados seja de uma, seja de outra.
Há padres que parecem não ter tido jamais uma vida de homem. Eles não sabem pesar as dificuldades de um leigo, de um pai ou de uma mãe de família no seu verdadeiro drama humano. Não conseguem ter uma ideia clara do que é, de verdade, a dolorosa vida de homem ou de mulher.
Quando algum leigo, uma vez que fosse, encontrou um padre que o compreendeu, que penetrou, com um coração de homem, na sua vida, em suas dificuldades, jamais, daí para frente, o esqueceu.
Com uma condição, todavia, de que confundindo sua vida com a nossa, não viva exatamente como nós. Durante muito tempo os padres trataram os leigos como crianças. Hoje, alguns, passando de um extremo a outro, se tornaram nossos colegas. A gente preferiria que eles permanecessem pais. Quando um pai de família vê o filho crescer, ele o trata como homem e não como criança, mas sempre como um filho.
Temos necessidade igualmente que o padre, além de viver uma vida humana, viva uma vida divina. O padre vivendo em meio a nós, deve permanecer de outro lugar. Eis os sinais que nós esperamos dessa presença divina no padre:
A oração: há padres que nunca foram vistos rezando (o que, de fato, se chama rezar);
A alegria: quantos padres preocupados, angustiados!;
A liberdade: nós o queremos livre de toda ideologia, de todo preconceito;
O desinteresse: nós nos sentimos por vezes utilizados por ele em vez de sentirmos que ele nos ajuda a crescer;
A discrição: ele tem que ser aquele que se cala (a gente perde a confiança naquele que nos faz muitas confidências);
A verdade: que ele seja o homem que diz sempre a verdade;
A pobreza: é essencial. Que seja livre do apego ao dinheiro; que se sinta arrastar instintivamente, como por uma especial “lei da gravidade”, para os pequeninos, para os pobres;
O sentido da Igreja: enfim, que ele não fale jamais levianamente da Igreja, como quem está fora dela. Um filho que julga a sua mãe, já está julgado.
A alegria: quantos padres preocupados, angustiados!;
A liberdade: nós o queremos livre de toda ideologia, de todo preconceito;
O desinteresse: nós nos sentimos por vezes utilizados por ele em vez de sentirmos que ele nos ajuda a crescer;
A discrição: ele tem que ser aquele que se cala (a gente perde a confiança naquele que nos faz muitas confidências);
A verdade: que ele seja o homem que diz sempre a verdade;
A pobreza: é essencial. Que seja livre do apego ao dinheiro; que se sinta arrastar instintivamente, como por uma especial “lei da gravidade”, para os pequeninos, para os pobres;
O sentido da Igreja: enfim, que ele não fale jamais levianamente da Igreja, como quem está fora dela. Um filho que julga a sua mãe, já está julgado.
Muitas vezes, porém, uma terceira vida toma conta da vida humana e divina do padre e as submerge: o padre se torna, então, o homem da vida eclesiástica, do “meio clerical”; seu vocabulário, sua maneira de viver, seu modo de chamar as coisas, seu gosto pelos pequenos interesses e pelas pequenas fofocas, tudo isso lhe coloca na face uma máscara que esconde dolorosamente o padre que, apesar disso, continua existindo por trás dela, sem dúvida…
A ausência de uma padre de verdade dentro de uma vida é uma miséria sem nome, a única miséria.
Madeleine Delbrêl (1904-1964), mística francesa, ensaísta e poeta.
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