sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

SANTOS DE CARNE E OSSO


Há muitos santos modernos agindo em nome de Deus e vivendo uma caridade séria, não fingida, sem caricatura e sem teatralidade. Não parecem santos, mas são. Guardaram-se para seu Criador, aceitam Jesus, vivem para sua família, para o grande amor de suas vidas, são fiéis à verdade, aos amigos, à palavra dada, e ao seu batismo.
Não têm nem cara nem trejeitos de santos, mas estabeleceram um projeto de vida e o constroem tijolo por tijolo, ato por ato, coerência por coerência.
Muita gente nem percebe que são santos, porque são gente de carne e osso como nós. Mas uma análise do que fazem pelos outros, da sua humildade, da sua fé e da sua serenidade aponta para mais um dos santos que Jesus formou.
Diferente é o santo fingido. Ele decidiu que gostaria de ser visto como santo eu isso da projeção social, como no tempo de Jeremias, 650 anos antes de Jesus e no tempo do próprio Jesus posar de santo e de profeta dava lucro e angariava louvores e primeiros lugares. Então muita gente fingia jejuar, e orar ostentado uma santidade que não tinha. E havia os que garantiam que Deus falava com eles e que eles sabiam levar a Deus. Ganhavam seu sustento com sua cara de santos. Isaías, Jeremias, Jesus e os apóstolos alertaram contra eles.
Mas como muita gente adora uma novela e não dispensa um teatro, sempre haverá quem despreze o santo sereno que não dá espetáculo e corra atrás do que grita, chora , esperneia, garante visões , revelações quentíssimas, curas e milagres em local dia e hora marcados. Trocam a verdade, a simplicidade e a honestidade do santo que não faz marketing, pelo pseudo santo que dá espetáculo, cura dramaticamente, entrevista o demônio ao microfone e transforma a fé em espetáculo.
Até que ponto isso é válido? Que santidade é essa em que não só a mão esquerda sabe o que faz a direita( ) como câmeras e microfones veiculam aquilo para todo mundo? O mesmo Jesus que disse para ao anunciar verdades por sobre os telhados e que nossa luz brilhasse, ( ) teve o cuidado de mandar que orássemos de portas trancadas e que não fizéssemos alarde da nossa caridade e dos nossos carismas. Ele mesmo pedia que os beneficiados por ele não espalhassem a notícia.
Jesus que era santo de verdade e nunca fingia poder ou santidade, e que pediu que seguíssemos seu exemplo a ponto de, elogiados e incensados dizermos que não fizemos mais do que nossa obrigação e que não buscássemos os primeiros lugares, este Jesus concordaria com o que se vê na mídia religiosa de hoje?
Uma coisa é ser santo sem caricatura, sem cabeça torta, sem chorar orando e dando murros no chão, sem dramaticidade televisiva, com atos de justiça que só Deus vê porque aquele cristão não divulga o bem que faz. Outra coisa é buscar os holofotes e desabridamente, sem nenhum escrúpulo chamar a atenção para si mesmo, para sua obra e garantir que Deus quer que ele ou ela apareçam para sua maior honra e glória. Pior ainda, ganhar dinheiro grosso em cima dessa exibição de santidade. Jesus condenou e criticou os fariseus que assim agiam.( )
Santo que é santo não finge que é. É discreto. Faz o que deve fazer e foge do incenso, das condecorações e dos elogios.
Há santos de verdade ao nosso redor e há caricaturas de santos vendendo e ostentando uma fé que aponta mais para eles do que para Jesus cujo nome usam com estardalhaço.
Você que crê na Bíblia terá que escolher a quem seguir. Aos que dão a entender que são os novos santos ou os que nada dizem; simplesmente vivem a Palavra e a praticam.
Se você é dos que dizem que ainda não estão convertidos, mas que estão se convertendo, merecerá mais crédito do que os que garantem que Jesus os salvou e que eles sabem o caminho. Em termos de fé quem segue procurando está mais perto do que aquele que diz que achou e agora aponta para si mesmo como exemplo do que Deus faz por um pecador. Eu prefiro o santo que aponta para os outros convertidos e santos e não fala nada sobre si mesmo, exceto que precisa de preces para ser mais de Cristo.
Desconfiemos de santos que gostam de medalhas, condecorações, incensos e elogios. Apostemos em que só os aceita por obediência.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Homilia de Bento XVI na missa de Cinzas.




HOMILIA
Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas
Basílica de Santa Sabina - Roma, Itália
Sábado, 22 de fevereiro de 2012



                                                    Venerados Irmãos,
                                                Caros irmãos e irmãs!


Com este dia de penitência e de jejum – a Quarta-feira de Cinzas – iniciamos um novo caminho rumo à Páscoa da Ressurreição: o caminho da Quaresma. Gostaria de me deter brevemente a refletir sobre o sinal litúrgico das cinzas, um sinal material, um elemento da natureza, que na Liturgia se torna um símbolo sagrado, muito importante neste dia que dá início ao itinerário quaresmal. Antigamente, na cultura judaica, era comum o uso de colocar cinzas na cabeça como sinal de penitência, gesto comumente acompanhado do vestir-se com saco ou com farrapos. Para nós cristãos, ao invés, existe este momento único, que tem, ademais, uma notável relevância ritual e espiritual.

Em primeiro lugar, a cinza é um daqueles sinais materiais que levam o cosmo para dentro da Liturgia. Os sinais materiais principais são, evidentemente, os dos Sacramentos: a água, o óleo, o pão e o vinho, que se tornam verdadeira matéria sacramental, instrumento mediante o qual se comunica a graça de Cristo que nos alcança.No caso da cinza trata-se, ao invés, de um sinal não sacramental, mas, mesmo assim, ligado à oração e à santificação do Povo cristão: de fato, é prevista, antes da imposição sobre a cabeça, uma bênção específica das cinzas – que faremos daqui a pouco –, com duas fórmulas possíveis. Na primeira elas são definidas <<símbolo austero>>; na segunda se invoca diretamente sobre elas a bênção e se faz referência ao texto do Livro do Gênesis, que pode inclusive acompanhar o gesto da imposição: <<Recorda-te que és pó, e em pó te hás de tornar>> (Gen 3,19).

Detenhamo-nos por um momento sobre essa passagem do Gênesis. Ela conclui o juízo pronunciado por Deus após o pecado original: Deus amaldiçoa a serpente, que fez cair no pecado o homem e a mulher; depois pune a mulher anunciando-lhe as dores do parto e uma relação desigual com o marido; por fim, pune o homem, anuncia-lhe a fadiga no trabalhar e amaldiçoa o solo. <<A terra será maldita por tua causa>> (Gen 3,17), por causa do teu pecado. Portanto, o homem e a mulher não são amaldiçoados diretamente como o é, ao invés, a serpente, mas, por causa do pecado de Adão, é amaldiçoada a terra, da qual ele havia sido extraído. Relemos a magnífica narração da criação do homem feito da terra: <<O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe no rosto um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente. Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado>> (Gen 2,7-8).

Eis, portanto, que o sinal da cinza nos reconduz ao grande afresco da criação, em que se diz que o ser humano é uma singular unidade de matéria e de sopro divino, mediante a imagem do pó da terra plasmada por Deus e animada por seu sopro insuflado nas narinas da nova criatura. Podemos observar como na narração do Gênesis o símbolo do pó sofre uma transformação negativa por causa do pecado. Enquanto antes da queda a terra é uma potencialidade totalmente boa, irrigada por um vapor de água (Gen 2,6) e capaz, pela obra de Deus, de germinar <<toda sorte de árvores, de aspecto agradável, e de frutos doces para comer>> (Gen 2,9), após a queda e a consequente maldição divina ela produzirá <<espinhos e abrolhos>> e somente com <<trabalhos penosos>> e <<com o suor do teu rosto>> concederá ao homem os seus frutos (cfr Gen 3,17-18). O pó da terra não mais evoca o gesto criador de Deus, totalmente aberto à vida, mas se torna sinal de um inexorável destino de morte: <<És pó, e em pó te hás de tornar>> (Gen 3,19).

É evidente no texto bíblico que a terra participa da sorte do homem. A propósito, diz São João Crisóstomo numa sua homilia: <<Vê como após a sua desobediência tudo é colocado sobre ele (o homem) num modo contrário a seu estilo de vida precedente>> (Homilias sobre o Gênesis 17, 9: PG 53, 146). Essa maldição do solo tem uma função medicinal para o homem, que das "resistências" da terra deveria ser ajudado a ater-se em seus limites e reconhecer a própria natureza (cfr ibid.). Assim, com uma bela síntese, se expressa outro antigo comentário: <<Adão foi criado puro por Deus para o seu serviço. Todas as criaturas lhe foram concedidas para servi-lo. Ele era destinado a ser o senhor e rei de todas as criaturas. Mas quando o mal o alcançou e conversou com ele, ele o recebeu por meio de uma escuta externa. Depois penetrou em seu coração e tomou posse de seu inteiro ser. Quando assim foi capturado, a criação, que o havia assistido e servido, foi capturada com ele>> (Pseudo-Macário, Homilias 11,5: PG 34, 547)

Dizíamos pouco antes, citando Crisóstomo, que a maldição do solo tem uma função "medicinal". Isso significa que a intenção de Deus, que é sempre benéfica, é mais profunda do que a sua própria maldição. De fato, ela se deve ao pecado e não a Deus, porém Deus não pode deixar de infligi-la, porque respeita a liberdade do homem e as suas consequências, mesmo negativas. Portanto, dentro da punição, e também dentro da maldição do solo, permanece uma intenção boa que vem de Deus. Quando Ele diz ao homem: "Tu és pó e pó voltarás a ser!", junto com a justa punição pretende também anunciar um caminho de salvação, que passará justamente mediante a terra, mediante aquele "pó", aquela "carne" que será assumida pelo Verbo. É nessa perspectiva salvífica que a palavra do Gênesis é retomada pela Liturgia da Quarta-feira de cinzas: como convite à penitência, à humildade, a dar-se conta da própria condição mortal, mas não para cair no desespero, mas para acolher, justamente nessa nossa mortalidade, a impensável proximidade de Deus, que, para além da morte, abre a passagem para a ressurreição, para o paraíso finalmente reencontrado. Nesse sentido orienta-nos um texto de Orígenes, que diz: <<Aquilo que inicialmente era carne, da terra, um homem de pó (cfr 1 Cor 15,47), e foi dissolvido através da morte e novamente se tornado pó e cinzas – de fato está escrito: és pó e pó voltarás a ser – ressurge novamente da terra. Em seguida, segundo os méritos da alma que habita o corpo, a pessoa avança rumo à glória de um corpo espiritual>> (Sobre os Princípios 3, 6, 5: Sch, 268, 248).

Os <<méritos da alma>>, de que fala Orígenes, são necessários; mas fundamentais são os méritos de Cristo, a eficácia do seu Mistério pascal. São Paulo ofereceu-nos uma formulação sintética na segunda Leitura: <<Aquele que não havia conhecido pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nós nele nos tornássemos justiça de Deus>> (2 Cor 5,21). A possibilidade para nós do perdão divino depende essencialmente do fato que Deus mesmo, na pessoa de seu Filho, quis partilhar a nossa condição, mas não a corrupção do pecado. E o Pai o ressuscitou com o poder do seu Espírito Santo e Jesus, o novo Adão, tornou-se <<espírito vivificante>> (1 Cor 15,45), as primícias da nova criação. O mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos pode transformar os nossos corações de pedra em corações de carne (cfr Ez 36,26). E o invocamos há pouco com o Salmo Miserere: <<Criai em mim um coração puro, renovai-me o espírito de firmeza. De vossa presença não me rejeiteis e nem me priveis de vosso santo espírito>> (Sal 50,12-13). Aquele Deus que saciou os progenitores do Éden, mandou o seu Filho à nossa terra devastada pelo pecado, não o poupou, a fim de que nós, filhos pródigos, possamos retornar, arrependidos e redimidos pela sua misericórdia, à nossa verdadeira pátria. Assim seja, para cada um de nós, para todos os fiéis, para todo homem que humilde


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Convertei-vos e crede no evangelho!


Com essas palavras e com a imposição das cinzas sobre a cabeça, abrimos um tempo rico na Igreja; a quaresma. Tempo favorável para recordarmos que do pó viemos e pó voltaremos a ser, quer dizer, nossa humanidade é falível, limitada e só a grandeza do amor de Deus, que nos dá sempre a oportunidade de a partir das penitencias retomarmos a lucidez e abandonarmos os velhos pecados rasgando não as vestes mais sim o coração, que nos possibilita voltar para o reto caminho.

Quaresma ainda é oportunidade de nos aproximarmos de situações que comumente não faríamos como as obras de caridade, sim muita gente sabe que é preciso fazer caridade, mas não faze, daí a quaresma é oportunidade para iniciar este justo gesto fraterno. É ainda tempo forte de abstinência, pois ao privar-se de pequenas coisas ou situações há um estimulo para deixar grandes coisas que não nos aproximam de Deus.

Enfim, é tempo privilegiado para se colocar no coração de Deus, pois conversão é voltar ao amor primeiro, aquele que nos encantou, em outros termos é tempo de reencontrar-se com Deus e com sigo mesmo no silêncio espiritual que esse Tempo litúrgico proporciona, e aí enxergar a luz de Cristo que nunca se apaga para os que querem se aproximar dela e impulsiona com um vigor novo a vida daquele que se deixa guiar nas veredas do Senhor.

Amigo e leitor do Kerigma, vamos juntos aproveitarmos ao máximo esse rico tempo quaresmal, praticando abstinências e penitencias e mais que isso praticando o bem e ao mesmo tempo levando outros a essa boa prática, pois assim atenderemos ao apelo do Senhor quando nos ordena; Convertei-vos e crede no evangelho!


Uma santa quaresma a todos.      

                    


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

É Coisa de Deus!


Ao longo da nossa vida várias vezes já usamos essa frase, isso é coisa de Deus! Pois bem, é mesmo existem situações em que nossa limitação não é capaz de dizer nada e se cala em sua mesmice e a única segurança que nos resta é Deus.

Pena, que para sentir a ação de Deus em nossa vida as vezes precisamos passar por algumas dores. Ele age em nossa vida sempre, o problema é que na correria do dia a dia não nos sobre tempo nem pra percebermos quem somos ainda mais pra perceber Deus.

Mais uma coisa é real, Deus não é ingrato, pois mesmo sem que o deixemos ele realiza sua obra em nós daí percebemos; É coisa de Deus! Ele não invade como um ladrão, não mendiga nossa atenção, mas está perto quando gritamos Pai me ajuda!

Por isso meu caro irmão, abra-se a graça de Deus nesses dias em que aguardamos a Quaresma, reveja tua vida e repare que “coisas de Deus” aconteceram de monte e você nem e deu conta, porém muito ainda ele tem a te oferecer, basta vim e tocar.

Um forte abraço.