quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CATEQUESE À LONGO PRAZO

Imagine um casal católico, ambos com 48 anos, ambos professores. Filhos criados e colocados na vida. Junto a uma de suas filhas, de 27 anos, formada em direito me procuraram para uma conversa. Assunto: o ensino da fé na sua paróquia. Pelo que ouviam no rádio e no meu programa de TV perceberam que também eles sabiam pouco. Poderiam saber muito mais do que sabiam. Disseram textualmente: – Alguns jovens de 18 anos estão sabendo mais religião do que nós que temos mais estudos do que ele.
Disseram ter percebido que na sua paróquia muitos católicos tinham mudado de igreja e que, apesar da sinceridade, a maioria dos paroquianos apenas ouvia: não lia nada sobre sua igreja e não conhecia o catecismo. Para cúmulo dos cúmulos, o padre pregava muito fervor e muita devoção, mas também tinha pouca cultura. O padre também não era de ler livros nem documentos. Seus sermões só falavam de aceitar Jesus e orar pela família e pelos outros. Também ele, embora formado num seminário, andava mal informado. Nos últimos três anos ele nem uma vez falara dos últimos documentos da Igreja e da situação do país. Era piedoso, mas pouco estudioso.
Se meus ouvintes pensam que estou inventando erraram. O fato aconteceu. Procuraram-me porque decidiram fazer alguma coisa para mudar a situação. Os católicos adolescentes, jovens e adultos da sua paróquia de bairro de classe média em São Paulo precisavam saber mais sobre sua Igreja. E queriam começar por si mesmos porque admitiam saber menos do que poderiam saber.
Falei-lhes de catequese à longo prazo. E expliquei que com a capacidade de leitura que demonstravam se lessem, ainda que por alto, sobre os 15 temas que eu lhes indicaria, em dois anos estariam suficientemente informados para se apresentar como os mais novos catequistas da diocese. Deveriam fazer um curso, mas se não tivessem tempo, conversassem com o padre responsável pela catequese e se submetessem a um exame de conhecimentos gerais de catolicismo. Depois, haveria outros critérios posto que cada diocese tem os seus. Mas o importante era que com diploma de pedagogia eles tivessem também os conhecimentos básicos.
Fui com eles a duas livrarias: uma católica e outra, não confessional. Fiz a lista e mostrei alguns livros. Ficaram encantados. Devem ter gasto mais de 3 mil reais. Se eu estava indicando era porque os autores eram bons.
Querem saber o que mostrei?
1. Bíblia comentada
2. Catecismo oficial da Igreja católica
3. Compendio da Doutrina Social católica
4. Concílio Vaticano II
5. Encíclicas dos papas desde l965
6. Documentos da Igreja da America do Sul desde l967
7. Três livros de Bento VXI
8. História Universal
9. História da Igreja, com acento no que houve depois de l848 e 1870 com a perda dos Estados Pontifícios e o Vaticano esvaziado do poder temporal.
10. Noções básicas de Antropologia, Filosofia, Psicologia, Teologia, Sociologia, Comunicação religiosa, Pastoral católica, Exegese católica, Eclesiologia, Cristologia.
Seguiram a lista detalhe por detalhe e anotaram os autores que, na minha opinião, eu considerava importantes; entre eles, profundos pensadores católicos ou de formação católica, evangélicos de renome, judeus de grande impacto, até alguns ateus.
Isto foi em 2007 quando da publicação do Documento de Aparecida. Mostrei-lhes os números 98, 99 e 100 que considero um safanão nos católicos adormecidos, acomodados e superficiais e um aplauso aos que desejam saber mais e se comprometer com a realidade em que vivem. Li-os pausadamente, enquanto a mãe dizia: ¬ – Meu Deus! Quanta riqueza que não nos foi mostrada nas missas! Nosso padre, que sempre celebra a missa das 10 não deve ter lido nada disso…
Sugeri que o perdoassem. Ele pode ter sido formado numa pastoral ou teologia minimalista. Afunilou-se e não ampliou o leque de saberes; coisa que a um catequista ou pregador não é aconselhável.
Que faltam conhecimentos básicos de catequese a nossos comunicadores, depreende-se de algumas canções executadas nos templos e estádios, por assembléias entusiasmadas que nem percebem que estão cantando erros crassos de doutrina, doutrinas de outras religiões que se infiltraram em nossos movimentos e em nossas missas, sem que alguém se disponha a corrigi-las.
Guardai-me como coisa vossa…
Maria, teu nascimento nos trouxe a salvação…
Quero amar somente a Deus
Criaste o infinito para a vida ser mais
Sem Maria não haveria redenção…
Sou um nada desde que nasci.
Divina Maria, mãe do divino Senhor
Todas as graças é por Maria que nos vêm.
Deixaste que eu pecasse pra mostrar o quando és bom…
Talvez eu volte a viver neste mundo…
Quando eu oro tu me dizes o que fazer
Se eu pedir com insistência, sei que não me negarás…
Mil orações de poder cantarei
Tudo poder ser explicado, mas, se não combina com a doutrina não adianta o pregador ou catequista explicar. Continuará um erro. Não há como explicar que o gelo é quente!…
Quanto à família que me procurou, já está dando catequese, foi aprovada e o padre responsável pela pastoral catequética da diocese me perguntou se conheço outros como eles. Conheço. Aliás, os já citados números 98 a 100 do Documento de Puebla também os conhece!…

Fonte:www.padrezezinhoscj.com

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